Palco de meu tempo ou, armário aberto.

21 de ago. de 2006

Palco de meu tempo ou, armário aberto.

Confesso estar surpreso pelo convite de participar do “bloGAYroz”. Na verdade, sinto um misto de surpresa e entusiasmo.
Bom, farei uma breve apresentação, apesar de achar clichê e não me sentir confortável em falar de mim mesmo.
Me chamo Cássio Coga (Cassito), estudante de Moda, apaixonado por arte e sou gay. Residente em Salvador, venho tentando me diferenciar e ao mesmo tempo me inserir neste mundo de idéias formadas de uma forma machista e hipócrita.
Sai do armário há mais precisamente 3 anos, sem me importar muito com as turbulências prometidas e causadas por tal atitude.
Foi uma barra, realmente.
Firme, deixei a casa de meus pais e fui dividir um “apê” com um amigo. O que parecia um sonho, levando em conta o alívio de não carregar mais o peso da mentira, se tornou um pesadelo; curto, mas merecidamente um pesadelo.
Enfrentei problemas diversos com a minha mais nova situação. Adulto, senhor dos meus passos e morando só.
Com o tempo, fui me acostumando com a idéia de ser, digamos assim, “assumido”. O mundo parecia maior e ao mesmo tempo, mais claro.
De posse dos meus direitos e ciente do meu papel na sociedade, entreguei-me à vida e descobri um novo Cássio. Uma personalidade que estava guardada no fundo do baú de meu esquecimento.
Me descobri dinâmico, prático, comunicativo e por que não dizer, feliz.
Conheci pessoas maravilhosas que levarei para posteridade e também, figuras descartáveis, que realmente descartei.
Ainda hoje tenho crises comigo mesmo, dúvidas sobre minha existência, mas nunca sobre minha sexualidade.
O momento certo para sair do armário é uma descoberta particular, mas dizer a verdade pode ser a chave para sentir-se um pouco mais feliz.
Clarice Lispector diz: “Quando estivesse mais pronta, passaria de si para os outros, o seu caminho era os outros. Quando pudesse sentir plenamente o outro estaria a salvo e pensaria: eis o meu porto de chegada. Mas antes precisava tocar em si própria, antes precisava tocar no mundo”.


Coga